Alvos da Operação Overclean na Bahia montaram esquema para destruir provas de desvio bilionário no Dnocs

 Alvos da Operação Overclean na Bahia montaram esquema para destruir provas de desvio bilionário no Dnocs


Diálogos interceptados pela Polícia Federalista (PF) no último dia 7 mostram que alvos da Operação Overclean agiram continuamente para destruir provas da existência de um esquema de desvios de emendas parlamentares por meio de contratos firmados com o Departamento Vernáculo de Obras contra as Secas (Dnocs) com prefeituras da Bahia e de pelo menos outros quatro estados: Tocantins, Goiás, Amapá e Rio de Janeiro. “As conversas revelaram uma ação coordenada e sistemática de devastação de provas, que incluía a utilização simultânea de três máquinas trituradoras operando continuamente. Os investigados receberam ordens diretas de Alex Rezende Parente, líder identificado da organização, para expelir diversos tipos de documentos, incluindo carimbos de outras empresas, cotações impressas e propostas que pudessem revelar as fraudes”, destacou o juiz Fábio Moreira Ramiro, da 2ª Vara Federalista em Salvador”, ao justificar a urgência de prisão preventiva de 17 suspeitos de participar do esquema. Além de Parente, possuinte de uma das construtoras investigadas pela Overclean, foram presos pela PF na terça-feira (10) o empresário Marcos Moura e mais 15 pessoas. 

Batom na manga

No sindicância que fundamentou os mandatos de prisão e de procura e consumição, os investigadores do esquema disseram que o uso contínuo das três máquinas trituradoras demonstra o tamanho do esforço para extinguir rastros de atividades ilícitas. “Há uma clara orientação do líder para ‘limpar’ setores, expelir documentos e extinguir dados digitais. Alex Rezende é mencionado diretamente uma vez que mandante das ações, reforçando sua posição de liderança dentro do grupo

criminoso. A intensidade e urgência da devastação de provas revelam que os investigados estão cientes do potencial probatório dos materiais eliminados”, assinalou a PF no relatório apresentado à Justiça Federalista da Bahia. 

Passa a borracha! 

Ainda de pacto com a PF, a devastação de provas não ficou restrita aos documentos físicos. Os diálogos interceptados, reforçaram os investigadores, evidenciaram uma preocupação específica com dados digitais e incluíram orientações para extinguir mensagens no WhatsApp de modo rotineiro, substituição de aparelhos celulares, troca de computadores e transferência de arquivos virtuais para locais mais seguros. “Os investigados demonstraram peculiar cautela com propostas enviadas a diretores e qualquer documento que pudesse estabelecer vínculos entre as empresas envolvidas. A consciência da ilicitude ficou evidenciada nas conversas, com referências explícitas ao risco de investigações e até mesmo menções à Operação Lava Jato uma vez que exemplo a ser evitado. O planejamento incluía a realização da “limpeza” durante o final de semana”, acrescentou o juiz federalista em sua decisão. 

Dupla dinâmica

Dois alvos presos pela Overclean na terça foram apontados uma vez que responsáveis diretos pela devastação de provas. Um deles é o empresário Geraldo Guedes, tido pelos investigadores uma vez que braço-direito de Alex Parente no esquema. Cabia a Guedes a contabilidade das transações e as negociações com agentes públicos relativas a contratos firmados por prefeituras da Bahia com outra empresa sob a mira da operação, a Larclean Saúde Ambiental, que atua no segmento de combate a pragas urbanas. O outro é Iuri Bezerra, de quem papel no esquema ainda não foi desvelado pela PF, embora tenha sido flagrado nas interceptações telefônicas combinando a eliminação de documentos e dados digitais.

Fio da meada

Em 3 de abril, a Metropolítica noticiou a assinatura de um contrato de R$ 7,6 milhões entre a Larclean e a Secretaria de Ensino de Salvador (Smed) para erradicação de pombos e morcegos em escolas da rede municipal de ensino. À estação, chamou a atenção o cocuruto valor do serviço, conquistado através de licitação que, segundo a PF, foi direcionada para proporcionar a empresa de Alex Parente. Os tentáculos do esquema na secretaria derrubaram o diretor-geral da pasta, Flávio Pimenta, exonerado pelo prefeito Bruno Reis (União Brasil) nesta quarta-feira (11), um dia depois ser recluso pela Overclean.

Recibo pretérito

As interceptações feitas com autorização judicial corroboram as suspeitas de fraudes nos contratos entre a Larclean e a Smed. “O tom do diálogo sugere uma negociação clara e objetiva sobre a propina, embora os detalhes exatos da transação, uma vez que o valor e o sítio da entrega, não sejam especificados. A conversa reforça a teoria de que o pagamento está sendo feito para prometer o favorecimento de Alex Parente no processo licitatório, evidenciando a prática de depravação e superfaturamento de serviços”, destacou a PF no sindicância remetido à Justiça Federalista.

Torta de climão

Em recente encontro com líderes do PCdoB, segmento da novidade rodada de tratativas iniciadas pelo Palácio de Ondina com partidos da base aliada, o prefeito reeleito de Várzea da Roça, Danillo Sales Rios, mais publicado uma vez que Danillo Delicinha, deixou o governador Jerônimo Rodrigues (PT) e os caciques da própria {sigla} em uma baita saia-justa. Logo no início da reunião, Rios alegou que estava de viagem marcada para Brasília e pediu para falar primeiro. Depois elogiar a própria gestão, criticou em cocuruto e bom som a “esquerda” por ter despovoado o vice-governador Geraldo Jr. (MDB) na disputa pela prefeitura da capital. “Eu falo, não deixo para trás. A esquerda foi muito fraca com o senhor (Geraldo Jr.) e muito fraca em relação à campanha de prefeito em Salvador. Na hora de precisar de Geraldinho para ser vice de Jerônimo eram só risadas, e depois deram as costas para ele. Vocês deveriam ter primeiramente gratidão”, disparou, em meio ao mal-estar gerado pela lavagem de roupa suja.

Entra e sai

Ainda sobre o PCdoB, integrantes da pronunciação política do governo do estado garantem que, durante o encontro, os líderes da legenda e Jerônimo acertaram a troca de comando na Secretaria do Trabalho, Trabalho, Renda e Esporte (Setre). A partir de janeiro, o director da pasta, Davidson Magalhães, deixará a Setre para assumir um função do governo federalista em Brasília. Para seu lugar, será nomeado o vereador reeleito Augusto Vasconcelos. Com a movimentação, o vereador Hélio Ferreira, que não conseguiu renovar o procuração em outubro, assumirá o lugar de Vasconcelos na Câmara Municipal de Salvador.

Tiro ao níveo

O Recomendação Administrativo de Recta Econômico (Cade) abriu esta semana uma investigação contra a Texaco, braço da gigante do petróleo Chevron que, no Brasil, atua em sociedade com o Grupo Ultra (leia-se Postos Ipiranga). A petrolífera responde por descumprir o contrato de exclusividade que mantinha com uma distribuidora regional da Bahia e Sergipe, a MLub. Segundo a denúncia, a multinacional vendia “por fora” carretas carregadas com seus lubrificantes para outros distribuidores nos dois estados. O que teria causado prejuízos milionários à MLub.

Recordar é viver.

A Texaco deixou o país em 2017, quando já respondia na Justiça pelos mesmos motivos que levaram o Cade a investigá-la. Segundo noticiou a coluna em 25 de novembro, a MLub trava uma peleja de Davi contra Golias por uma indenização de R$ 60 milhões. Há dois anos e meio, porém, a ação hiberna nas gavetas do Superior Tribunal de Justiça (STJ). 


 

 



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