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Um dos políticos baianos mais longevos, ex-governador Antonio Lomanto Jr. estaria completando 100 anos
Material publicada originalmente no Jornal Metropole em 19 de dezembro de 2024
Em 29 de novembro de 1924, há exatos século anos e alguns dias, nascia na cidade de Jequié, no sudoeste da Bahia, aquele que se tornaria um dos nomes mais longevos na política baiana. Carismático e popular, o ex- -governador Antonio Lomanto Jr. completaria neste ano 100 anos, 50 deles vividos ocupando cargos (vale ressaltar) eleitos pelo povo. Seu centenário de promanação foi comemorado na Metropole com um programa próprio, transportado por Mário Kertész e com a presença do empresário Lomanto Neto e o deputado federalista Leur Lomanto Jr., respectivamente rebento e neto do ex-governador, além de Joaci Góes, vetusto camarada, jornalista, ex-deputado e presidente do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHBA).
Por pouco, presidente
Lomanto Jr. formou em Odontologia, mas logo percebeu que sua verdadeira vocação era a política. Foi vereador, prefeito por três vezes, deputado estadual e federalista, governador e senador. E, por pouco, não foi presidente da República.
Essa secção da história foi lembrada por Joaci Góes, que contou que ele e Mário Kertész estavam em um jantar com lideranças nacionais do MDB e Tancredo Neves. Joaci portanto sugeriu que, para sensibilizar o Congresso Pátrio, ele deveria escolher porquê vice alguém popular do Nordeste e esse nome seria Lomanto Jr. Tancredo portanto mostrou interesse, mas o baiano acabou sendo convicto de que não poderia romper com Maluf (inimigo de Tancredo) e que Mário e Joaci “eram dois malucos”.
Resultado: Tancredo foi eleito presidente, morreu antes de assumir, e quem se tornou presidente foi seu vice, José Sarney.
Antes disso, Lomanto Jr. já havia sido governador, eleito em 1962. Ele era prefeito de Jequié e presidente da Associação dos Municípios do Brasil, quando decidiu candidatar-se, mesmo sabendo que essas funções não lhe tornavam um nome competitivo. Chegou a ouvir piada do portanto governador Juracy Magalhães ao falar que queria sucedê-lo e foi repreendido por um familiar que pediu para não pôr a família no ridículo.
Feijoeiro na lapela
Uma vez que o neto Leur Lomanto Jr. traduz, a campanha de um jovem, de unicamente 37 anos, desconceituado, acabou se tornando histórica e memorável. Lomanto venceu a eleição contra Waldir Pires – que era bem pelas forças tradicionais e pela esquerda -, e se tornou o último governador eleito na Bahia antes do golpe de 1964. O símbolo da campanha vitoriosa era um feijoeiro disposto na lapela das roupas e o slogan “hoje feijoeiro na lapela, amanhã feijoeiro na panela”.
Dois anos depois de sua eleição, veio o golpe militar. Lomanto era do PTB, o mesmo partido do portanto presidente João Goulart e chegou a se manifestar pela validade e manutenção de Jango no poder. O posicionamento, evidente, lhe trouxe sérios problemas, inclusive, com o comandante da 6ª Região Militar pedindo sua cassação.
Graças a articulações, ele conseguiu permanecer no governo, mas precisou fazer modificações profundas no seu secretariado, incorporando nomes conservadores. Lomanto se recuperou, fez uma gestão marcada por obras estruturais e conseguiu entregar o governo a seu sucessor Luiz Viana Rebento, indicado pelos militares. Ele morreu em 2015, aos 90 anos, depois de quase meio século na política baiana.