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Quem é Pedro Castillo, professor primário e dirigente sindical eleito presidente do Peru
Azarão das eleições, o candidato de esquerda Pedro Castillo, um professor primário rural de 51 anos, foi confirmado presidente do Peru nesta segunda-feira (19/7) pelo tribunal eleitoral do país.
Castillo, do partido Peru Libre, foi eleito com 50,125% dos votos após eleições apertadas e extremamente polarizadas entre ele e a candidata de direita Keiko Fujimori, que teve 49,875%.
O pleito foi tão acirrado que demorou mais de um mês para que Castillo fosse proclamado vencedor — Fujimori acusou a eleição de fraudulenta e abriu uma batalha judicial. O segundo turno aconteceu em 6 de junho e as urnas foram consideradas 100% contabilizadas em 15 de junho.
Horas antes de o tribunal eleitoral confirmar a vitória de Castillo, Keiko afirmou que iria “reconhecer os resultados, pois é o que manda a lei e a Constituição que jurei defender”.
Surpresa das eleições
O presidente eleito, um dirigente sindical de esquerda, foi a grande surpresa nestas eleições, estourando no cenário político peruano ao obter a maioria dos votos no primeiro turno presidencial.
O líder governará um país com população de 32 milhões de pessoas e produto interno bruto (PIB) de US$ 226 bilhões.
As eleições, extremamente polarizadas, marcaram um país profundamente dividido em meio a uma tripla crise de saúde, econômica e política. E vieram depois de uma tempestade política que tirou do poder quatro presidentes em cinco anos — com direito a processo de impeachment, renúncia e até um mandato de apenas seis dias, bem como protestos e várias alegações de corrupção contra políticos.
Tudo isso em meio à pandemia de coronavírus, que tem o Peru como o país do mundo com mais mortes per capita.
Pedro Castillo é um ex-rondero (membro das rondas camponesas, organizações de defesa comunais), professor primário rural desde 1995 — com mestrado em psicologia educacional— e importante dirigente docente.
Apesar de até recentemente ser relativamente desconhecido em Lima, com apenas 3 mil seguidores no Twitter, Castillo conseguiu o inesperado: conquistou parte do povo peruano e consolidou sua liderança antes do segundo turno presidencial.
Entre outras coisas, o sistema proposto pelo Peru Libre visa a nacionalização de setores estratégicos como mineração, gás e petróleo. Embora não seja contra a atividade privada, Castillo diz que ela deve ser sempre traduzida em “benefício para a maioria dos peruanos”.
Castillo costuma viajar a cavalo e tem sua base de apoio no meio rural peruano, que conquista apelando à sua origem humilde e às grandes desigualdades que existem no Peru. Assim, conseguiu captar o descontentamento das classes mais pobres, especialmente as do interior do país, historicamente esquecidas pelo centralismo da capital, Lima.
Também se posicionou como candidato do povo em um momento em que a pandemia de coronavírus agravou as desigualdades de um país no qual muitos setores foram excluídos do bom momento econômico dos anos recentes antes da pandemia.
A ascensão de Castillo desconcertou parte da elite do país sul-americano, gerando incerteza para os investidores e os setores mais ricos ligados à mineração.
Em nota divulgada em 7 de junho, o candidato de esquerda disse que, caso chegasse à presidência, respeitaria a autonomia do banco central, “que tem feito um bom trabalho em manter a inflação baixa por mais de duas décadas”.
Ao mesmo tempo, ele é contra o aborto ou o casamento entre pessoas do mesmo sexo e é a favor de uma mão forte em termos de ordem pública.
Na eleição, Castillo teve votação majoritária nas áreas rurais e interioranas, enquanto a filha do ex-presidente Alberto Fujimori foi a favorita em Lima, no norte do país e entre os peruanos vivendo no exterior.
Castillo assumirá a presidência em 28 de julho, mesmo dia em que o Peru comemora 200 anos da sua independência.
FONTE: BBC/BRASIL