O que muda com Lei do Luto Parental, aprovada por Lula?

“A forma uma vez que cuidamos das pacientes pode gerar danos terríveis em alguns casos, até maiores do que a experiência da morte do neném. É preciso ter uma abordagem em relação ao que é dito e feito, validando a experiência da mãe e a vida do bebê”, diz.
Ela dá o exemplo da valia dos espaços reservados às famílias enlutadas. “A dor de uma família que está vivendo a despedida ao lado de uma que está celebrando a chegada é absurda. Mas é muito geral que, nas maternidades, essas pessoas sejam expostas a choros de bebês e mulheres amamentando do outro lado”.
Por meio do Renascer, Juliana é responsável pelo Ambulatório de Luto, vinculado ao Hospital Sofia Feldman, em Belo Horizonte. Lá, mulheres que perdem o neném já saem com consulta agendada no ambulatório. O processo de guarida não substitui a psicoterapia, mas permite o diálogo sobre os sentimentos vividos, explicações sobre condutas médicas, diagnósticos e decisões clínicas, além de conversas sobre as etapas do processo de luto e a vida do bebê.
Há ainda aconselhamento para questões uma vez que o que fazer com o leite materno, quando o processo de lactação já está estabelecido. “Algumas escolhem doar, o que é uma estratégia potente de ressignificação”, conta.
“Precisamos produzir uma estrutura física e organizacional, mas também comportamental de zelo voltado para esse sofrimento”, defende. “E precisamos entender que é exatamente por ser uma vida breve e pelo tempo ter sido pequeno que existe muito a ser feito.”

