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Com rotina de violência e acidentes, trabalhadores das praias de Salvador ganham R$ 70 por dia, aponta pesquisa

Enquanto moradores e turistas aproveitam as praias de Salvador, há quem enfrente uma rotina muito dissemelhante. Para atender ao público, existem trabalhadores que percorrem quilômetros de areia diariamente, em condições precárias e ignoradas. Esse cenário foi estudado por um grupo de pesquisa do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federalista da Bahia (ISC/UFBA), que apontou que, para quem sobrevive das praias, elas têm outra leitura: longas jornadas, falta de infraestrutura e uma relação complicada com a informalidade.
Por trás das barracas e isopores, os desafios não são poucos. Imagine passar 10 horas por dia sob um sol de 32 graus, sem recta a um banheiro ou chuva potável. “A gente sofre cá, não tem banheiro, não tem chuva gulosice. A gente fica no sol quente, subindo e descendo com nossas coisas na areia quente”, relata Raimundo Melo, responsável por uma barraca na praia de Piatã.
Foram essas condições que chamaram a atenção do grupo de pesquisa coordenado pelo professor Cleber Cremonese. O estudo trouxe à tona os desafios enfrentados por esses trabalhadores. “Nos chamou atenção a subida demanda por suporte essencial, porquê chuva potável, chuveiros e banheiros adequados”, explica Cremonese.
Além da média de 10h diárias de trabalho nas praias, a pesquisa apontou que 40% desses trabalhadores já sofreram violência ou ameaço durante o trabalho. E mais da metade precisa fazer suas necessidades fisiológicas em comércios nas redondezas ou em banheiros químicos – há ainda aqueles que precisam recorrer até a sacos plásticos ou ao próprio mar.
Renda que não acompanha o esforço
Tudo isso, para lucrar, em média, R$ 70 por dia. A rotina é puxada, as 10 horas de trabalho ocorrem porque na procura para ocupar um bom espaço na areia e,consequentemente, melhores vendas, a opção é chegar cedo. E, além da violência ou ameaço, 40% dos trabalhadores relataram acidentes porquê cortes e perfurações.
“Hoje a gente trabalha de uma forma precária, através de tendas, sem chuva, sem vontade, sem condições de atender o cliente porquê ele merece”, expõe Denilson Roble, diretor da Associação de Permissionários.
Na informalidade
A pesquisa também expõe que sete em cada dez trabalhadores das praias não possuem vínculo formal ou taxa para o INSS. Isso significa carência de direitos porquê aposentadoria, seguro em caso de acidentes ou qualquer outra proteção social.

