Dois anos do 8 de janeiro: ecos de um ataque à democracia
Os olhos do mundo se voltaram horrorizados para o Brasil. Em 8 de janeiro de 2023, o país assistiu ao mais grave ataque à institucionalidade democrática de sua história recente. Revoltados com o resultado das urnas, grupos de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes em Brasília. Era mais que vandalismo: era uma tentativa de subverter a ordem constitucional e desmantelar o recém-empossado governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Mais de 1.900 pessoas foram presas, incluindo financiadores e participantes diretos. Dessas, 1.552 se tornaram rés e 371 foram condenadas. As pessoas julgadas e condenadas cumprem pena por uma variedade de crimes, porquê golpe de Estado, extermínio violenta do Estado Democrático de Recta, deterioração do patrimônio tombado, dano qualificado e associação criminosa.
Ações penais seguem em curso, enquanto a história continua a ser escrita nos tribunais e na memória coletiva. A dimensão do ocorrido ultrapassou fronteiras. Líderes e organizações internacionais reagiram com veemência, destacando o risco de que episódios semelhantes inspirem movimentos extremistas em outras democracias.
Polarização
Analistas observam que o 8 de janeiro foi um revérbero de uma polarização crescente e de um oração que, desde as eleições de 2018, aventava fraudes eleitorais e promovia suspicácia no sistema. Segundo o presidente Lula, os atos simbolizam “o vandalismo mais possante que já aconteceu neste país”. Mas quando, exatamente, começa o movimento golpista que culminou naquelas cenas de horror?
Em um contexto mais vasto, anterior ao próprio governo Bolsonaro, que remonta à insatisfação pós-2013, ao impeachment de Dilma Rousseff e à prisão de Lula. Esses eventos alimentaram um caldeirão de ressentimentos que Bolsonaro manipulou, fortalecendo narrativas de vitimização e deslegitimação das instituições democráticas. Recentemente, um relatório da Polícia Federalista, fruto de extensa investigação, apontou a existência de um projecto, intitulado “Punhal Verdejante Amarelo”, que tinha porquê finalidade o assassínio do presidente Lula; do vice Geraldo Alckmin; e do ministro do STF, Alexandre de Moraes.
Restauração da democracia e do patrimônio
Os danos materiais também foram gigantescos. Em dois anos, o Senado Federalista gastou mais de R$ 2,3 milhões em reformas, substituição de equipamentos e melhorias em sistemas de segurança. Nesta quarta-feira (8), o governo federalista apresentará 21 obras restauradas, incluindo uma ânfora portuguesa, o quadro “As Mulatas”, de Di Cavalcanti, e o Relógio Balthazar Martinot, do século XVII, destruído durante os ataques e restaurado na Suíça.