PF investiga grupo que comercializava ouro ilegal de terras indígenas
Eu já tinha trabalhos relevantes, só não eram públicos porque sempre fui liderada por homens, diz Jaqueline Goes
Uma das profissionais na risca de frente da equipe que realizou o sequenciamento genético do vírus da Covid-19 na América Latina, Jaqueline Goes comentou sua trajetória acadêmica e profissional na ciência, onde enfrentou barreiras porquê o racismo e o machismo. Em entrevista ao Revele desta terça-feira (3), a biomédica e doutora em patologia pela FioCruz afirmou que já possuía uma expressiva bagagem profissional antes da pandemia, mas, por ser liderada por homens, sua trajetória ficou ‘escondida’.
“Eu já tinha uma trajetória muito formosa na ciência, com trabalhos relevantes e reconhecimento fora do país, mas ela só não era pública ainda. E por que não era pública ainda? Infelizmente tenho que falar sobre isso. Eu sempre fui liderada por homens e, nos momentos de falar sobre os projetos, eles acabam tomando a frente e não dão tanto espaço para que nós alunas pudessémos sobressair”, afirmou a investigador, citando a pesquisadoras Ester Sabino, porquê exemplo contrário.
Jaqueline ingressou na FioCruz em 2009 e, naquela quadra, era a única negra do grupo de pesquisa e do laboratório. “Eu me via naquele lugar achando que eu estava em um super privilégio e, por alguns anos, eu vivi tentando mostrar que eu tinha condições de estar ali intelectualmente”, lembrou.
Para impulsionar novos jovens negros e negras a ocuparem espaços porquê o obtido por ela, o mais novo projeto de Jaqueline Goes é um instituto que dará espeque na procura por oportunidades, desde mentorias para mestrados e investimento em pesquisas até intercâmbios. A previsão de estreia do projeto é de jajeiro de 2025.
“Eu não quero mais ser a única. O que diferenciou na minha curso foi oportunidade. O nosso povo está aí fora fazendo um monte de coisa criativa, seja no envolvente acadêmico ou não. Eu entendi que eu precisava ser essa voz, porque as pessoas me ouvem e eu uso isso para trazer mais meninas negras, indígenas, ciganas, invisibilizadas para esse contexto, oferecendo oportunidade porquê financiamento de pesquisa, mentoria para mestrado, doutorado, intercambio”, afirmou.
Confira a entrevista na íntegra: